2018 - Ofertório





1. Alegria alegria (Caetano Veloso, 1967)
2. O seu amor (Gilberto Gil, 1976)
3. Boas vindas (Caetano Veloso, 1991)
4. Todo homem (Zeca Veloso, 2017)
5. Genipapo absoluto (Caetano Veloso, 1989)
6. Um passo à frente (Moreno Veloso e Quito Ribeiro, 2005)
7. Clarão (Tom Veloso, 2018)
8. De tentar voltar (Moreno Veloso e Domenico Lancellotti, 2014)
9. A tua presença morena (Caetano Veloso, 1971)
10. Trem das cores (Caetano Veloso, 1982)
11. Um só lugar (Cezar Mendes e Tom Veloso, 2015)
12. Alexandrino (Caetano Veloso, 2018)
13. Oração ao tempo (Caetano Veloso, 1979)
14. Alguém cantando (Caetano Veloso, 1977)
15. Ofertório (Caetano Veloso, 1997)
16. Reconvexo (Caetano Veloso, 1989)
17. Você me deu (Caetano Veloso e Zeca Veloso, 2015)
18. O leãozinho (Caetano Veloso, 1977)
19. Gente (Caetano Veloso, 1977)
20. Ninguém viu (Moreno Veloso, 2018)
21. Ela e eu (Caetano Veloso, 1979)
22. Não me arrependo (Caetano Veloso, 2006)
23. Um canto de afoxé para o bloco do Ilê (Caetano Veloso e Moreno Veloso, 1982)
24. Força estranha (Caetano Veloso, 1978)
25. How beautiful could a being be (Moreno Veloso, 1997)
26. Canto do povo de um lugar (Caetano Veloso, 1975)
27. Deusa do amor (Adailton Poesia e Valter Farias, 1992)
28. Tá escrito (Xande de Pilares, Carlinhos Madureira e Gilson Bernini, 2009)

Comentários:
"Decidimos pôr o título Ofertório no CD/DVD do nosso show (que, até então, era conhecido apenas pela lista dos nossos nomes em ordem de idade e de número de sílabas: Caetano Moreno Zeca Tom - Veloso) quando ele já tinha sido apresentado em temporadas no Rio e em São Paulo, além de uma ida a BH. É que a canção que fiz para a missa de 90 anos de minha mãe toca no cerne do nosso feixe temático: as relações familiares, a família de inspirações que assaltam os quatro modestos mas entusiasmados criadores, a visão total que, como nenhuma outra dimensão do conhecimento, a religião expõe.
Esse canto ritual escrito por mim, que sou o único não-religioso do grupo, ilumina a entrada de Reconvexo, o desaforado brado do Recôncavo Baiano que, no roteiro, vem logo em seguida. Mas também expande seus raios sobre Um passo à frente, de Moreno, Todo homem, de Zeca, Clarão, de Tom, meu Jenipapo absoluto ou Tá escrito de Xande de Pilares - enfim, a todo o repertório do show. Tanto que forçamos impor o novo título ao próprio espetáculo.

Tudo isso foi um sonho meu, acalentado por longo tempo. O show que fiz no Sesc de São Paulo com Moreno em 2006 voltava sempre à minha cabeça. Zeca e Tom se chegando para a música também, imaginei armar um com os três, num modo de estar mais perto deles depois de crescidos. E de clarear - para mim, para eles e para os outros - o sentido da presença de Bethânia e minha, assim como as de Gil e Gal, no cenário da música popular do Brasil. Tom, que vai direto à essência das coisas, logo disse, ao saber do plano, que queria que cantássemos O seu amor, canção de Gil escrita para os Doces Bárbaros.

Na nossa cabeça não tínhamos um "produto" para oferecer. Tratava-se sempre de uma delicada e vulnerável experiência existencial que enfrentamos com alegria e preocupação. A estreia logo nos colocou mais do lado da alegria. Mas continuamos atentos. Agora temos um produto para apresentar. Que nosso grupo semi-amador, mas de alma sofisticada, apareça nessas gravações fiel a seu espírito. Todo homem, canção de Zeca, tornou-se conhecida e amada por mais de um milhão de pessoas. Nossas apresentações despertam emoções novas em espectadores surpresos. Nossos colegas sentem carinho pelo que veem e ouvem de nós. Esperamos que todas as pessoas que virem e ouvirem, no CD/DVD que se lança agora, possam também se enternecer com nossos sons e imagens. Que nossa aventura familiar contribua com a construção do Brasil." 

Caetano Veloso, release para o CD/DVD "Ofertório"

2017 - Caetano ao vivo na Concha


Caetano Veloso
Os passistas
Gente
Minha voz, minha vida
Cucurrucucú Paloma
Love for sale
Bahia, minha preta
Tá combinado
A voz do morto 
Branquinha
Sozinho

Caetano e Teresa 
Tigresa
Miragem de Carnaval
Como 2 e 2
Desde que o samba é samba
Odara
Qualquer coisa

Extras - Ao vivo em São Paulo 
Um índio
Luz do sol
Meu bem, meu mal
Esse cara
Enquanto seu lobo não vem
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gravado ao vivo na Concha Acústica do Teatro Castro Alves

Salvador - Bahia 

Vinício Vilela : capa 
Maicon Justino : áudio 
Pedro Progresso : edição 
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Release: Caetano apresenta Teresa

"Teresa Cristina surgiu, junto ao Grupo Semente, como uma autoridade natural do mundo do samba. Toda sua dignidade pessoal potencializava a dignidade social que o samba ganhou ao longo de sua história. Era como se esse ritmo, visto em seus começos como uma ameaça à sociedade - que decidia botar a polícia contra sua prática - tivesse galgado a escala e, passando de Donga a Noel (Rosa), de Ary (Barroso) a Zé Kétti, de Aracy (de Almeida) a Elza (Soares), tivesse chegado, com Teresa, a um grau definitivo de respeitabilidade. E parado ali. O CD duplo com canções de Paulinho da Viola registrava essa estação. Mas o show que vimos no Theatro Net Rio foi muito além disso. Teresa apresentou uma gama de tons e sentimentos diferenciados, a variedade refletindo o conhecimento de música popular que ela guarda desde a meninice. 

Fiquei impressionado com a cultura musical de Teresa quando a convidei para participar de um dos shows da série Obra em progresso, durante a feitura do CD Zii e Zie: ela sabia todas as minhas canções, me reensinando as que eu tivesse esquecido. Depois vi que ela conhecia igualmente a obra de Roberto Carlos, e de Cazuza, e de Supertramp e de quem mais você pensar. No show que ela fez com a banda Os Outros, com canções de Roberto, ela mantinha a segurança que apresentava nas interpretações de sambas. Mas não parecia ainda sair de uma zona protegida. Agora, com as canções de Cartola, é uma artista cheia de nuances que aparece. Sua elegância em cena, a propriedade espontânea de cada gesto, o humor, a riqueza de colorido em sua afinação segura, tudo revela uma cantora-criadora, uma artista da canção. Os sambas de Cartola surgem mais precisos e mais tocantes do que nunca. O show é uma antologia composta por uma especialista superior.

A adequação do canto de Teresa ao violão de Carlinhos Sete Cordas é mais do que perfeita. É mágica. Carlinhos é um instrumentista esplêndido, a limpidez de seu toque vem da intimidade com tudo o que aconteceu com o samba desde o começo do século 20. Estão ali os primeiros batuques, o brilho dos virtuoses, as condensações harmônicas da bossa nova. Mais: nele se percebe o samba enriquecendo a música em sua totalidade histórica. A tranquilidade com que cada acorde escolhido sugere a entrada da voz de Teresa refina a alma do ouvinte. E Teresa cresce a cada melodia, a cada palavra, a cada segundo. Todos os brasileiros deveriam ver e ouvir o que se passou no Theatro Net Rio naquela noite.” 

Caetano Veloso 


2015 - Dois amigos, um século de música

1. Back in Bahia (Gilberto Gil, 1972)
2. Coração vagabundo (Caetano Veloso, 1967)
3. Tropicália (Caetano Veloso, 1967)
4. Marginália II (Gilberto Gil e Torquato Neto, 1967)
5. É luxo só (Ary Barroso e Luiz Peixoto, 1957)
6. De manhã (Caetano Veloso, 1965)
7. As camélias do quilombo do Leblon (Caetano Veloso e Gilberto Gil, 2015)
8. Sampa (Caetano Veloso, 1978)
9. Terra (Caetano Veloso, 1978)
10. Nine out of ten (Caetano Veloso, 1972)
11. Odeio (Caetano Veloso, 2006)
12. Tonada de luna Ilena (Simón Díaz, 1973)
13. Eu vim da Bahia (Gilberto Gil, 1965)
14. Super homem, a canção (Gilberto Gil, 1979)
15. Come Prima (Alessandro Taccani, Vincenzo Di Paola e Mario Panzeri, 1957)
16. Esotérico (Gilberto Gil, 1976)
17. Tres Palabras (Osvaldo Farrés, 1946)
18. Drão (Gilberto Gil, 1982)
19. Não tenho medo da morte (Gilberto Gil, 2008)
20. Expresso 2222 (Gilberto Gil, 1972)
21. Toda menina baiana (Gilberto Gil, 1979)
22. Se eu quiser falar com Deus (Gilberto Gil, 1980)
23. São João Xangô menino (Caetano Veloso e Gilberto Gil, 1976)
24. Nossa gente (Avisa lá) (Roque Carvalho, 1992)
25. Andar com fé (Gilberto Gil, 1982)
26. Filhos de Gandhi (Gilberto Gil, 1973)
27. Desde que o samba é samba (Caetano Veloso, 1993)
28. Domingo no parque (Gilberto Gil, 1967)
29. A luz de Tieta (Caetano Veloso, 1996)

Comentários: 
"Quando iniciei os ensaios para Dois Amigos, Um Século de Música, pensei que ter aceito o convite do contratante europeu para fazer uma turnê ao lado de Gil fosse ser, afinal, mero caça-níquel: repertório redundante e absoluta impossibilidade de eu tocar um violão ao menos aceitável ao lado do meu colega. Precisei enfrentar umas quatro apresentações para admitir que havia um pouco de “Paratodos” [canção de Chico Buarque] no nosso show. Um pouco é muito. Hoje, há o sentimento de que o Brasil está acabando, de que não se pode suportar outra década perdida, de que descer tanto quando se esboçava aprender a subir é prova de que nunca sairemos do buraco em que sempre estivemos. O cu do mundo. Nossos shows nos diziam que há uma luz mais alta apontando para outras possíveis visões. Gil tinha saído da turnê intitulada Gilbertos Samba, em que retomava o repertório de João Gilberto, e eu resistia a que ele parasse com ela. Eu queria que o mundo o visse tocar “É Luxo Só” ou “Você e eu” com os estudos do ritmo do samba feitos por Domenico Lancelotti e Bem Gil em aparatos eletrônicos – e a inspiração harmônica do magistral garoto Mestrinho no acordeom. Bom, o show chegou ao menos aos Estados Unidos, onde, no New York Times, foi criticamente consagrado. Mas Gil queria fazer o que o contratante europeu propunha. Honrava-me estar perto dele. Mas comecei hesitante. O que aprendi com ter feito o Dois Amigos não tem preço." 
Caetano Veloso, Revista Fevereiro, 2017   

O DVD Dois Amigos, Um Século de Música você comenta que o repertório vai da música mais antiga, De Manhã (1963) até a recente As Camélias do Quilombo do Leblon, feita para o show após a turnê internacional. O que o inspirou?

Caetano Veloso: Fazia já um bom tempo, eu tinha lido um artigo de Eduardo Silva sobre o Quilombo do Leblon e suas camélias, que se tornaram o símbolo do movimento abolicionista. Antes de ir para a Europa, li "A História da Princesa Isabel", de Regina Echeverria e "Brasil, Uma Biografia", de Lilia Schwarcz e Heloísa Starling, livros onde há referência a esse quilombo. De volta da Europa, me veio à cabeça, enquanto tomava banho em minha casa de Salvador, fazer uma canção sobre o tema. A sonoridade percussiva das palavras “as camélias do quilombo do Leblon” me sugeriram a frase melódica, a primeira parte. Esbocei uma segunda parte parecida com No Tabuleiro da Baiana, de Ary Barroso (1903-1964). Fui à casa de Gil e mostrei o que tinha feito, pedindo que ele refizesse a segunda parte sem abandonar de todo a parecença com a música de Ary. Ele fez isso e ainda arrematou com a frase final. Nós adoramos essa música. Ela fala desse episódio bonito de nossa história (que não nos ensinam nas escolas!), comenta os caminhos do samba, encontra sentido na rima de Leblon com Ebron, ao comentar a passagem pela Cisjordânia, e conclama o ouvinte à realização da Segunda Abolição. ...”

(21/12/2015, Correio, Salvador)

Opinião da casa:
O próprio Caetano chegou a comentar na possibilidade caça-níquel desse encontro e que, afinal, não se concretizou. O show é bonito mesmo quando soa repetitivo, traz um roteiro essencial para compreender os 50 anos de carreira e cumplicidade de Gil com Caetano. Gosto muito dos duetos nesse show, eles ficam mais unidos no palco dessa vez do que em shows anteriores. Os arranjos ficaram excelentes: "Nossa gente", "É luxo só"... e a ínédita "As camélias do Quilombo do Leblon" se garantem. 10/10.