2015 - Dois amigos, um século de música

1. Back in Bahia (Gilberto Gil, 1972)
2. Coração vagabundo (Caetano Veloso, 1967)
3. Tropicália (Caetano Veloso, 1967)
4. Marginália II (Gilberto Gil e Torquato Neto, 1967)
5. É luxo só (Ary Barroso e Luiz Peixoto, 1957)
6. De manhã (Caetano Veloso, 1965)
7. As camélias do quilombo do Leblon (Caetano Veloso e Gilberto Gil, 2015)
8. Sampa (Caetano Veloso, 1978)
9. Terra (Caetano Veloso, 1978)
10. Nine out of ten (Caetano Veloso, 1972)
11. Odeio (Caetano Veloso, 2006)
12. Tonada de luna Ilena (Simón Díaz, 1973)
13. Eu vim da Bahia (Gilberto Gil, 1965)
14. Super homem, a canção (Gilberto Gil, 1979)
15. Come Prima (Alessandro Taccani, Vincenzo Di Paola e Mario Panzeri, 1957)
16. Esotérico (Gilberto Gil, 1976)
17. Tres Palabras (Osvaldo Farrés, 1946)
18. Drão (Gilberto Gil, 1982)
19. Não tenho medo da morte (Gilberto Gil, 2008)
20. Expresso 2222 (Gilberto Gil, 1972)
21. Toda menina baiana (Gilberto Gil, 1979)
22. Se eu quiser falar com Deus (Gilberto Gil, 1980)
23. São João Xangô menino (Caetano Veloso e Gilberto Gil, 1976)
24. Nossa gente (Avisa lá) (Roque Carvalho, 1992)
25. Andar com fé (Gilberto Gil, 1982)
26. Filhos de Gandhi (Gilberto Gil, 1973)
27. Desde que o samba é samba (Caetano Veloso, 1993)
28. Domingo no parque (Gilberto Gil, 1967)
29. A luz de Tieta (Caetano Veloso, 1996)

Comentários: 
"Quando iniciei os ensaios para Dois Amigos, Um Século de Música, pensei que ter aceito o convite do contratante europeu para fazer uma turnê ao lado de Gil fosse ser, afinal, mero caça-níquel: repertório redundante e absoluta impossibilidade de eu tocar um violão ao menos aceitável ao lado do meu colega. Precisei enfrentar umas quatro apresentações para admitir que havia um pouco de “Paratodos” [canção de Chico Buarque] no nosso show. Um pouco é muito. Hoje, há o sentimento de que o Brasil está acabando, de que não se pode suportar outra década perdida, de que descer tanto quando se esboçava aprender a subir é prova de que nunca sairemos do buraco em que sempre estivemos. O cu do mundo. Nossos shows nos diziam que há uma luz mais alta apontando para outras possíveis visões. Gil tinha saído da turnê intitulada Gilbertos Samba, em que retomava o repertório de João Gilberto, e eu resistia a que ele parasse com ela. Eu queria que o mundo o visse tocar “É Luxo Só” ou “Você e eu” com os estudos do ritmo do samba feitos por Domenico Lancelotti e Bem Gil em aparatos eletrônicos – e a inspiração harmônica do magistral garoto Mestrinho no acordeom. Bom, o show chegou ao menos aos Estados Unidos, onde, no New York Times, foi criticamente consagrado. Mas Gil queria fazer o que o contratante europeu propunha. Honrava-me estar perto dele. Mas comecei hesitante. O que aprendi com ter feito o Dois Amigos não tem preço." 
Caetano Veloso, Revista Fevereiro, 2017   

O DVD Dois Amigos, Um Século de Música você comenta que o repertório vai da música mais antiga, De Manhã (1963) até a recente As Camélias do Quilombo do Leblon, feita para o show após a turnê internacional. O que o inspirou?

Caetano Veloso: Fazia já um bom tempo, eu tinha lido um artigo de Eduardo Silva sobre o Quilombo do Leblon e suas camélias, que se tornaram o símbolo do movimento abolicionista. Antes de ir para a Europa, li "A História da Princesa Isabel", de Regina Echeverria e "Brasil, Uma Biografia", de Lilia Schwarcz e Heloísa Starling, livros onde há referência a esse quilombo. De volta da Europa, me veio à cabeça, enquanto tomava banho em minha casa de Salvador, fazer uma canção sobre o tema. A sonoridade percussiva das palavras “as camélias do quilombo do Leblon” me sugeriram a frase melódica, a primeira parte. Esbocei uma segunda parte parecida com No Tabuleiro da Baiana, de Ary Barroso (1903-1964). Fui à casa de Gil e mostrei o que tinha feito, pedindo que ele refizesse a segunda parte sem abandonar de todo a parecença com a música de Ary. Ele fez isso e ainda arrematou com a frase final. Nós adoramos essa música. Ela fala desse episódio bonito de nossa história (que não nos ensinam nas escolas!), comenta os caminhos do samba, encontra sentido na rima de Leblon com Ebron, ao comentar a passagem pela Cisjordânia, e conclama o ouvinte à realização da Segunda Abolição. ...”

(21/12/2015, Correio, Salvador)

Opinião da casa:
O próprio Caetano chegou a comentar na possibilidade caça-níquel desse encontro e que, afinal, não se concretizou. O show é bonito mesmo quando soa repetitivo, traz um roteiro essencial para compreender os 50 anos de carreira e cumplicidade de Gil com Caetano. Gosto muito dos duetos nesse show, eles ficam mais unidos no palco dessa vez do que em shows anteriores. Os arranjos ficaram excelentes: "Nossa gente", "É luxo só"... e a ínédita "As camélias do Quilombo do Leblon" se garantem. 10/10.

Um comentário:

Caetano Completo disse...

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