1. You don't know me (Caetano Veloso)
2. Nine out of ten (Caetano Veloso)
3. Triste Bahia
(Caetano Veloso, Gregório de Mattos)
5. Mora na filosofia
(Monsueto Menezes, Arnaldo Passos)
6. Neolithic man (Caetano Veloso)
7. Nostalgia (That’s what rock’n’roll is all about)
(Caetano Veloso)
Comentários:
"Chamei os amigos para gravar em Londres. Os arranjos são de Jards Macalé, Tutti Moreno, Moacyr Albuquerque e Áureo de Sousa. Não saíram na ficha técnica e eu tive a maior briga com meu amigo que fez a capa. Como é que bota essa bobagem de dobra e desdobra, parece que vai fazer um abajur com a capa, e não bota a ficha técnica? Era importantíssimo. Era um trabalho orgânico, espontâneo, e meu primeiro disco de grupo, gravado quase como um show ao vivo. Foi Transa que que me deu coragem de fazer os trabalhos com A Outra Banda da Terra. Tem a Nine out of Ten, a minha melhor música em inglês. É histórica. É a primeira vez que uma música brasileira toca alguns compassos de reggae, uma vinheta no começo e no fim. Muito antes de John Lennon, de Mick Jagger e até de Paul McCartner. Eu e o Péricles Cavalcanti descobrimos o reggae em Portobelo Road e me encantou logo. Bob Markey e The Wailers foram a melhor coisa dos anos 70. Gosto do disco todo. Como gravação, a melhor é Triste Bahia. Tem o Mora na Filosofia, que é um grande samba, uma grande letra e o Monsueto é um gênio. Me orgulho imensamente deste som que a gente tirou em grupo."
Depoimento à Marcia Cezimbra - Jornal do Brasil - 16/05/91
Eu estava ainda em Londres, quando o Álvaro Guimarães (ator e diretor de teatro, baiano, muito amigo meu e que nunca tinha feito capa de discos) apresentou à Phonogram esse projeto de capa ousado, com esse vermelho e preto e essas letras grande, esse "Cai" (curiosamente com "i" e não com "e", Cae, como me chamam os amigos), para baixo com as setas para cima.Foi gravado em pouco tempo, produzido pelo Morris Hills. Ensaiamos tanto para as gravações, que quando o show ficou pronto, o show estava pronto também. Tocamos em Londres, fizemos um show muito bonito no Queen Elizabeth Hall, e depois viemos para o Brasil. Os produtores ficaram muito chateados, fizeram tudo para que eu não deixasse Londres. Mas havia a chance de voltar, não pensei duas vezes.
Depoimento a Charles Gavin e Luís Pimentel - Livro "Tantas canções", 2002
Nine out
of ten
Eu me apaixonei pelo reggae, junto com Péricles Cavalcanti, que gostava de
passear comigo por Portobello. Nem sabíamos ainda o nome do novo ritmo. Quando
aprendemos, passamos a repeti-lo em conversas com muita excitação. Quando
compus a música (a que, para mim, tem a melhor das letras em inglês que
escrevi), pedi a Moacyr Albuquerque, o baixista, que tentasse reproduzir a
linha de baixo dos reggaes que ouvíamos. E ele foi perfeito nessa pioneira
entrada do reggae na música brasileira. Ouvir a música dos jamaicanos naquela
rua me fazia gostar de viver, ajudava a superar a saudade do Brasil. Compor e
cantar era conseguir resistir.
Entrevista a Marcelo Perrone - Zero Hora, 2012
Opinião da casa:
Disco top 3 queridinho dos fãs, especialmente os pós-Cê. Há um culto a "Transa" como não há para nenhum disco com a Outra banda da terra, por exemplo. Mas tem razão de ser, afinal, dessa época, ele resistiu melhor ao tempo do que qualquer outro disco, tanto que soa atual até hoje. Todas as faixas são grandes gravações e pra citar duas em especial: "You don't know me", sampleada (quando o conceito de sample/mash up nem existia) com três canções brasileiras: "Maria Moita", de Vinicius de Moraes/Carlos Lyra; "Reza", de Edu Lobo/Ruy Guerra e "Hora do Adeus", sucesso na voz de Luiz Gonzaga, de Luiz Queiroga e Onildo Almeida. E "Mora na filosofia" numa releitura muito ousada, quase um rock'n'roll. A escolha deve ter partido da lembrança de Bethânia que havia gravado em seu primeiro disco ("Maria Bethânia", 1965).
2 comentários:
Nine out of ten foi gravada por MAriana Aydar no álbum Cavaleiro Selvagem Aqui Te Sigo de 2011.
Oi, Pedro! Parabéns pelo blog! Você tem para disponibilizar o arquivo do Transa remasterizado em 2012 na abbey road?
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